Vou mas volto. Se não voltar é porque fui preso.
A questão não é clubista, nem se é melhor ou pior do que os
outros A questão é formal e sobretudo moral.
Porque o processo está nesta fase em segredo de Justiça, os
factos que indiciam a prática de vários crimes por parte de um ex-dirigente do
Sporting Clube de Portugal, não permitem falar com rigor e a análise fica pela
suposição e por aquilo que a imprensa vai noticiando.
Ainda assim, é fácil verificar que existe tanto fumo que só
por mero acaso não haverá fogo. Mas isso será matéria para provar, ou não, nos
tribunais.
O que interessa para o caso é verificar a forma como a
instituição centenária Sporting Clube de Portugal se deixou envolver neste
assunto, que começou por ser uma caça justiceira a um árbitro supostamente
corrupto e se transformou em várias outras coisas diferentes, sendo a última
delas agora conhecida como burla ao próprio clube. Nem a montanha russa da
extinta Feira Popular era tão sinuosa.
Há coisas que não se conhecem e provavelmente nunca se irão
conhecer, mas tinha algum interesse saber o que leva um presidente e respectiva
direcção do clube a: primeiro, aceitar a reintegração de um dirigente que dias
antes se tinha demitido das suas funções para poder responder a um processo no
qual é suspeito de prática criminosa, demissão essa que tinha como principal
motivação não envolver o Sporting. Segundo, patrocinar a defesa judicial do
ex-dirigente, novamente demissionário, o qual é suspeito, entre outras coisas,
de peculato e burlar o clube.
Caso tudo isto seja uma enorme cabala ou urdidura, e não
haja qualquer culpabilidade por parte do arguido e até mesmo se for possível
fazer vingar a ideia que tudo isto tem origem em meios obscuros e que por trás
desta “falácia” está o Sport Lisboa e Benfica ou o Futebol Clube do Porto
porque o senhor Cristóvão até é uma pessoa muito séria (não esquecer as funções
de grande responsabilidade que teve na Polícia Judiciária), então o Sporting
fez bem em defender o seu sócio, uma vez que este foi vítima de uma cruzada sem
precedentes dos inimigos do clube leonino.
O pior é se isto não se verificar. Ou seja, mau mesmo é se o
tal senhor é de facto culpado de alguns dos crimes dos quais está acusado,
nomeadamente de peculato e burla ao clube. Como fica a instituição Sporting
Clube de Portugal no fim de tudo isto? Fica naturalmente mal e os sócios devem
prepara-se para pedir explicações aos que não permitiram que o clube fica-se de
fora do problema e assistisse, à conclusão do processo, como parte interessada
mas não envolvida.
Uma coisa é certa, julgo que já nenhum sportinguista será
capaz de afirmar a pés juntos, conforme vi há dois meses atrás, que o seu
ex-dirigente Paulo Pereira Cristóvão é um justiceiro que tentou limpar do
futebol português um árbitro corrupto, simulando um acto de corrupção para
provar que o clube tem sido vítima das arbitragens.
Talvez o senhor Cristóvão ainda volte em braços a Alvalade
como Paulo Pedroso voltou em ambiente de aclamação à Assembleia da República.
Mas também é verdade que a história pode acabar de modo diferente e em vez de
regressar, ser preso.
Nota: Ser benfiquista é um dos meus maiores orgulhos e assim
será até morrer. No meu clube há lastro de dirigentes corruptos que deviam
estar presos, nomeadamente um tal de Vale e Azevedo. No entanto, a minha
opinião nada tem de valorização clubista. Escreveria exactamente o mesmo se o
assunto fosse com outro protagonista e o Sport Lisboa e Benfica.
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