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2012 - Annus Horribilis

No ano que agora termina houve um facto muito significativo para a vida dos portugueses: o governo Sócrates chegou ao fim. Pese embora as semelhanças que possam haver nas medidas de austeridade agora tomadas e aquelas que Sócrates tomaria se fosse ainda primeiro-ministro, foi muito positivo para Portugal fechar essa página que corresponde sobretudo a dois anos de desvario nas contas públicas, às quais e por uma questão de justiça, não se pode deixar de lado a nacionalização do BPN e com ela o tremendo prejuízo que trazia de lastro, bem como a cratera financeira da Madeira. As duas coisas não justificam tudo, mas aumentam a dimensão do problema. Ainda assim, o clima crispado e sempre disponível para a arruaça com a oposição e os diversos sectores de actividade do país, aliado ao limite mínimo da credibilidade que foi perdendo lá fora, isso só por si já justificou a mudança de primeiro-ministro e de governo. Sócrates deixou de ser solução e passou a ser um problema. Com este ocaso termin

Meia hora e três dias

A meia hora a mais de trabalho no sector privado e a redução dos dias de férias são duas medidas ridículas que não vão resolver coisa nenhuma, a não ser reduzir ainda mais o valor horário pago aos trabalhadores. Nenhum problema de produtividade vai ser resolvido mas admito que muitos patrões vão ficar mais confortáveis. Na verdade no sector privado são poucos os que trabalham apenas as horas a que estão obrigados. A maioria trabalha muitas mais e não recebe por isso. É assim em quase todo o lado. Os horários só são cumpridos na entrada e quase nunca na saída. Ao contrário do que acontece na generalidade da função pública em que o horário da saída, salvo as devidas excepções, é sinónimo do fim da jornada de trabalho, nas empresas privadas isso não se verifica. É bem verdade que o sector privado não está acima da lei e que a Inspecção de Trabalho tem meios legais para actuar. Mas só por pura ingenuidade se pode pensar que é possível controlar as horas extraordinárias não pagas aos trabal

Pulhice

Procurei no Google porque tive receio que no dicionário não estivesse o significado. A minha dúvida era concreta e nada subjectiva. Na verdade suspeitava do significado mas tinha dúvidas no termo. O que queria saber era o nome mais adequado para a circunstância de alguém me pedir para pagar uma coisa já paga e que no momento actual nem está em grandes condições, como aliás nunca esteve. Roubo não podia ser. Porque o objecto não mudou de mãos nem deixou de estar onde sempre esteve. Roubo pressupõe crime e eu sei, sem conhecer os detalhes do Código Penal, que não se trata exactamente disso. Antes fosse. Assim íamos atrás do bandido e a seguir ficávamos na expectativa que se fizesse justiça. Mas nem com isso podemos acalmar o espírito, até porque não é liquido que alguém que nos roube seja condenado e preso. Mas desistir de procurar o termo certo não me pareceu boa solução. Também já não me incomoda muito o autor material ou moral do problema. Isso é tão insignificante. Não nos trás a sol

1 de Dezembro - Quem não tem memória não tem futuro

Um dos feriados que o governo pretende suprimir ou comemorar a um domingo quando o calendário ditar a um dia de semana, é o de amanhã: o 1 de Dezembro. Por muito interessante que seja o discurso da produtividade do país ou a falta dela, aquilo que me ocorre dizer é que quem não tem memória, não tem futuro. Ou seja, se há feriado importante no calendário português o 1 de Dezembro é seguramente um dos principais. E porquê? Porque marca a restauração de Portugal enquanto país independente e autónomo, depois de 60 anos de domínio espanhol. Alguns abominam esta data porque acham que estaríamos melhor pertencendo a Espanha do que como nação que somos. Talvez. Em Timor-Leste também havia timorenses que achavam melhor serem indonésios. A verdade é que alguns séculos antes, na célebre Batalha de Aljubarrota que ditou a derrota do exército espanhol e o fim da crise dinástica provocada pela morte de D. Fernando o qual não tinha descendência masculina, muito foi o sangue que se derramou para cons

O que sobrou da greve?

Qual foi o problema que a greve geral do dia de ontem resolveu? Nenhum. Os cortes nos subsídios dos funcionários públicos e dos reformados mantêm-se. O aumento do horário laboral no sector privado, também. Não houve nenhuma alteração, nem era expectável que houvesse. Então o que sobrou da greve? Quem a fez vai ter o reflexo financeiro negativo no ordenado do próximo mês. A produtividade do país foi prejudicada. Os cidadãos foram muito incomodados. A PSP teve de distribuir umas porradas e uns energúmenos que desafiaram a ordem pública foram passar a noite a uma esquadra. Hoje o país acordou pior do que adormeceu na noite anterior à greve. No meio disto tudo os dirigentes sindicais fizeram o número mediático. Apareceram na imprensa. Bramiram contra o governo e os patrões. Contabilizaram uma vitória de Pirro para os respectivos partidos, neste caso o PCP e o PS. Há mais alguma coisa importante a referir? Parece que sim. Numa sondagem feita há poucos dias o primeiro-ministro mantém a melho

Estamos pobres mas não estamos infelizes.

O Algarve está numa encruzilhada por mais que queriam fazer crer o contrário. Não se trata de pessimismo nem de catastrofismo, mas sim da mais pura e dura realidade. Senão vejamos: O desemprego atingiu números inimagináveis há uns anos atrás. É uma das regiões com a maior taxa e onde parece não haver renovação do tecido económico, o que pode significar a completa incapacidade de criação de novos postos de trabalho que possam ajudar a inverter a situação. Mais de 13% da população activa não tem emprego. De região recebedora de mão-de-obra proveniente de vários pontos do planeta, que tinha na construção civil o principal sector, temos agora a situação de debandada generalizada. Não há trabalho para os de cá, quanto mais para os de lá. Aliás, neste domínio o Algarve parece hoje, nalgumas zonas, um imenso estaleiro de obras abandonadas, já para não falar dos milhares de apartamentos e moradias que estão concluídos mas vazios por falta de quem os compre. Tão cedo a situação não se irá inver

Com papas e bolos se enganam os tolos

Nesta altura de forte crise financeira mundial, em que poucos conseguem ver a luz ao fundo do túnel, há muita gente a ganhar dinheiro. Se não repare-se: No dia em que a cimeira da União Europeia decidiu o perdão de metade da dívida grega, os mercados reagiram de imediato com as acções de alguns bancos a subirem para cotações interessantes tendo em conta os dias que correm. Ou seja, o acordo animou os mercados. Repare-se que não houve nenhum facto financeiro em concreto, houve apenas uma decisão política que como é óbvio tem consequências. Porque o perdão da divida helénica tinha consequências para aquele país, o primeiro-ministro lançou-se numa jogada política de propor um referendo ao povo, para não ficar sozinho com o ónus da decisão. Do ponto de vista democrático a medida é louvável, mas para os signatários do perdão essa iniciativa levantou uma nuvem de incerteza. O que fizeram os mercados? Caíram a pique, tendo-se vivido no passado dia 1 de Novembro um autêntico vendaval de dinhei

Estadistas e Políticos

Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil, definiu e bem a diferença entre um político e um estadista, afirmado que na Europa sobram os primeiros e faltam os segundos. Segundo Cardoso, estadista é aquele que se preocupa com o Estado, independentemente das consequências, vendo ao longe o que outros não conseguem ver ao perto e tomando medidas sem se preocupar com eleições. Por outro lado, um político é aquele que, podendo estar coberto de boas intenções, decide em função das circunstâncias preocupando-se essencialmente com o impacto eleitoral que as suas decisões podem suscitar. Isto, numa primeira análise, leva a pensar que não há estadistas em democracia, nem políticos em ditadura. Não deixe de ser um pouco verdade. Repare-se no caso de Portugal, talvez não seja muito politicamente correcto afirmar, mas é difícil de contrariar, que o único governante que para o bem e para o mal não se preocupou com eleições foi Salazar, o qual, tivesse tido o discernimento suficiente para dei

Mudam-se os tempos

Ao ver as reacções dos partidos às declarações do Presidente da República sobre as medidas de austeridades que o governo vai inscrever no orçamento de Estado, chega-se facilmente à conclusão que mudando os tempos as vontades também se alteram. Concentremo-nos apenas nos partidos democráticos, já que dos outros sabe-se que são até contra o vento e a chuva se ela não for de esquerda. O PSD e o CDS têm os dois a mesma opinião, mas um deles está mais incomodado do que o outro, por razões óbvias. Ou seja, olham para as declarações do Presidente da República com um falso respeito e dizem compreender as preocupações do Chefe de Estado. Isto publicamente. Em modo reservado devem ter trepado pelas paredes, perante o incómodo que constituiu Cavaco Silva ter feito eco das preocupações da esmagadora maioria dos portugueses. As críticas são ainda mais dolorosas para o conforto dos partidos da maioria, na medida em que o Presidente da República quando fala de Economia sabe perfeitamente o que está a

O Che e as portagens na Via do Infante

Um dos movimentos contra as portagens na Via do Infante convocou-me por e-mail para participar no protesto de amanhã que parte de diversos pontos do Algarve em direcção ao Parque das Cidades. Eu já sabia da iniciativa porque li os folhetos que a anunciavam bem como as faixas que se encontram instaladas nalguns pontos da ER125. Porque sou ingénuo e bem intencionado, cheguei a equacionar participar, na medida em que as causas justas promovidas por movimentos cívicos, são terrenos férteis onde me sinto bem. Não precisei mais do que um e-mail para concluir que a causa continua justa, mas alguns movimentos não são cívicos, são partidários, e o terreno está contaminado. No texto que me foi enviado para participar, trazia uma frase que pode motivar muita gente mas a mim não me enche e até vaza. Consta que amanhã é a data do falecimento de Ernesto “Che” Guevara, a quem alguns chamam de libertador mas que no fundo foi mais um revolucionário assassino. Tenham paciência mas não consigo encontrar

Isaltino e a teoria da maça podre

Quando o João Moutinho abandonou o Sporting para jogar no Porto, alegou que queria ganhar títulos e essa expectativa no clube de Alvalade era uma espécie de encontrar água fresca no deserto. Ou seja, podia até acontecer mas era muito difícil. O presidente leonino na altura catalogou Moutinho de maça podre. Como toda a gente sabe, quando temos um fruto podre na fruteira em contacto com os que estão saudáveis, estes ficam contaminados. Sendo assim, havia um risco que não podia ser corrido para salvaguardar o restante plantel. Neste caso seria a debandada generalizada. Ora o que se passa com Isaltino Morais é sensivelmente o mesmo com um porém: Moutinho não era uma maça podre, muito pelo contrário, era o melhor jogador do plantel e capitão de equipa. Já Isaltino viu vários tribunais darem como provados os crimes praticados. Ou seja, há ali um pico de actividade bacteriológica que provoca a decomposição dos tecidos celulares. Isso faz de todos os autarcas deste país políticos corruptos? N

O vereador e o deputado

O governo que diminuir o número de vereadores porque estes são um símbolo do despesismo público do Estado. No fundo, para os governantes deste país, grande parte dos problemas das finanças públicas portuguesas estão nas autarquias. Felizmente o parlamento é a casa não só da democracia mas também da virtude, onde todos os seus principais intervenientes, deputados e deputadas, são exemplos de empenho, dedicação e racionalidade no que respeita à despesa do Estado. Isto é fácil de perceber quando se olha ao dia-a-dia de uns e de outros. Obviamente que na generalização mora o erro de análise e a comparação dos quotidianos de uns e de outros só pode ser rigorosa se vistos casos concretos. Mas para não fulanizar o assunto e para não vexar alguém em concreto, vou fazer um suponhamos que tem tanto de verdade como de injusto. Como tal, que ninguém enfie a carapuça porque não é isso que se pretende, sendo certo que poderei fazer alusão a situações reais da vida de uns e de outros. O dia começa ce

A muitos Passos distante da Madeira

Pedro Passos Coelho, enquanto presidente do PSD não deve participar em qualquer acto de campanha eleitoral na Madeira, sob pena de perder o respeito dos cidadãos, nomeadamente os continentais, a quem pediu sacrifícios no sentido de ajudar a equilibrar as contas públicas. Tal como Miguel Sousa Tavares escrevia no Expresso este fim de semana, que a escolha que os madeirenses têm para fazer nas próximas eleições regionais é entre Alberto João Jardim ou Portugal, eu também acho que Passos Coelho tem de escolher entre a credibilidade da sua governação ou a conveniência partidária. E como Francisco Sá Carneiro sempre disse, primeiro está o país e a democracia só depois está o partido. Eu não alinho gratuitamente no coro dos críticos a Jardim. Acho que ele foi o homem que colocou a Madeira no mapa, deu-lhe o aspecto e as condições que ela tem hoje e venceu sempre de forma inequívoca todas as eleições livres e democráticas que se disputaram no arquipélago. Mas tudo tem um limite e o mérito não

Alegre não gosta da universidade da JSD

A Universidade de Verão do PSD e da JSD é um dos poucos exercícios de reflexão e formação política que se organiza em Portugal. Mais nenhum partido faz, com este nível de visibilidade, um evento semelhante. Dir-me-ão que há a Festa do Avante. Não é a mesma coisa. Os motivos são diferentes e os conteúdos também. Para a Universidade de Verão da JSD vão jovens que não querem desistir de contribuir par um futuro melhor do seu país, abdicando de festa e copos durante uns dias para reflectirem e aprenderem com quem tem algo para lhes ensinar. Na Festa do Avante, não fossem os muitos e bons concertos e o arraial festivo que se monta no interior da Quinta da Atalaia, dificilmente haveria por lá mais do que os ortodoxos comunistas que ainda acreditam no brilho do sol de Moscovo. Eu passei os anos suficientes na JSD para saber que não se aprendem apenas coisas boas. As primeiras lições de caciquismo político foram lá que as tive, ao observar sobretudo alguns maus militantes e dirigentes do PSD q

A escolinha, os meninos e os paizinhos

Não sei se haverá tema que gere mais contestação e reivindicação do que a Educação. Poderá ter o seu lado positivo, mas há um certo radicalismo à volta do assunto que nem sempre entendo. Na Educação reclama toda a gente com uma característica que não se vê em mais nenhum sector: quando se chega a um nível, exige-se logo o próximo e o céu é o limite. Não me pondo de fora do problema porque também sou pai, a verdade é que nem sempre entendo a linguagem dos pais das meninas e dos meninos que frequentam os estabelecimentos ensino do nosso país. Se no privado o grau de exigência é directamente proporcional ao que se paga de propina, na escola pública aquilo que sinto, da realidade que conheço, é o Estado a proporcionar aos alunos muito para lá daquilo que em média os pais podem exigir, atendendo ao factor subjectivo que pode representar a fatia dos seus impostos vocacionada para a Educação. A questão chega a assumir foros de anedota. Há pais que reclamam de tudo. Se cai um grão de pó em cim

No meio do nada surge sempre alguma coisa

O PS fez um congresso para fechar o ciclo definitivo da passagem de Sócrates pelo cargo de secretário-geral e de primeiro-ministro. Lá longe em Paris onde pretende estudar os bons ensinamentos da filosofia clássica que é também uma das fontes de inspiração da ciência política moderna, deve ter sentido um certo alívio por não ter marcado presença na reunião magna dos socialistas seus camaradas. Mas se ele não estava, marcaram presença muitos dos seus ajudantes, nomeadamente os que possuem cartão partidário, dos quais não teria sido mau ouvir uma palavra de justificação por aquilo que se passou. Lembro-me em 1996 no Europarque em Santa Maria da Feira, o então líder do PSD Fernando Nogueira, fazer um discurso de assunção de responsabilidades por uma derrota eleitoral no ano anterior, quando o cavaquismo se esfumou perante a mais do que óbvia naturalidade. Fê-lo não por ser o mais responsável, mas por ter feito parte da situação. Na altura, ao passar o testemunho a Marcelo Rebelo de Sousa

O peso pesado

As vozes mais avisadas dentro do PSD, aquelas que não estão à espera de nada nem de coisa nenhuma e ainda têm independência de pensamento, já começaram a dizer o óbvio sobre a estratégia do governo em relação ao controlo das contas públicas que se tem concentrado sobretudo no aumento da receita através dos impostos em vez do corte na despesa do Estado. Naturalmente que aqueles que estão a ver o que lhes calha em sorte na lotaria dos lugares que há por distribuir na órbita do Poder, vão mantendo o discurso que o governo está a fazer um esforço muito grande para o controlo do défice, através de medidas rigorosas e de grande coragem. Eu sinceramente não partilho desta opinião. Quem tem revelado muita coragem é a classe média que vê os impostos sobre os seus rendimentos a aumentar e até agora está pacientemente impávida e serena. Diria mesmo que para estes portugueses há um PEC específico: o Plano de Empobrecimento em Curso. Acontece que o PSD, ao contrário de outros partidos, tem gente qu

A nova realidade das autarquias

O governo prepara-se para mexer na Lei Eleitoral Autárquica, bem como na sua orgânica, e consta que conta com o apoio e a boa vontade do PS nesse sentido. Parece-me bem. Os motivos são óbvios e estão identificados há muito tempo, não tendo havido até agora condições de entendimento, as quais parecem agora surgir. Basicamente estou de acordo, e não é de agora, com a formação de executivos autárquicos monocolores, com o aumento da importância e das competências de fiscalização das assembleias municipais e sobretudo com a alteração ao método de eleição dos autarcas. Em relação à homogeneidade dos executivos, julgo que não faz mais sentido a composição actual, onde se sentam à mesma mesa das reuniões de câmara um presidente e os vereadores eleitos de diferentes forças políticas. Os vereadores da oposição, sem pelouros atribuídos, pouco ou nada podem fazer se estão em situação de minoria. No entanto, quando se dá a situação contrária podem bloquear o normal funcionamento de uma câmara mu

Espiões da treta

Um dos pilares da democracia moderna é termos uma imprensa livre em que não exista delito de opinião e os jornalistas possam trabalhar, dentro das regras estabelecidas, com liberdade de acesso à informação e capacidade de investigação. Quando isso não acontece a qualidade da democracia definha, uma vez que as pessoas não têm acesso à verdade dos factos e não podem construir o cenário da realidade, ficando no ar a suspeita. Quando técnicos do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa, e digo técnicos porque em lado algum se chama espiões aos funcionários deste organismo, alegadamente obtêm informações ilegais de uma operadora de telemóveis para saber a quem é que um jornalista ligou ou mandou mensagens, estamos perante um reviver dos métodos da extinta PIDE que não olhando a meios violava a privacidade das pessoas, isto na base dos seus comportamentos mais civilizados, porque daqui para a frente e o céu era o limite e nalguns casos o destino de muitos que caíam nas suas mãos. É po

Os ricos que paguem a crise

Este é um slogan comum, muitas vezes ouvido sempre que os governos carregam nos impostos daqueles que não têm como fugir e pagam as suas contribuições até ao último cêntimo. Agora parece que há vontade de tributar os contribuintes com rendimentos elevados, em sede de IRS, o que faz todo o sentido mas não significa nenhuma medida perfeita de justiça fiscal. E porquê? Porque simplesmente não existe ainda forma de controlar todos os rendimentos sendo a fuga uma realidade que inquina o sistema. Pese embora o esforço verificado nos últimos anos e o investimento feito em tecnologia de controlo e de fiscalização, ainda há muito dinheiro que foge às malhas do fisco. Dirão alguns que esta medida é contraproducente e levará à fuga de capitais para o estrangeiro, nomeadamente para paraísos fiscais. Admito que fujam, mas tirando os Bancos quem mais fica prejudicado com isso? E mesmo esses também não perdem assim tanto, uma vez que possuem soluções de depósitos no estrangeiro para cliente nacionai

Pagar portagens à Brisa e ficar defraudado

O que vou referir pode ser um tremendo disparate mas como vivemos em liberdade e democracia, tenho esse direito, desde que não insulte alguém. A tecnologia hoje serve para facilitar a vida às pessoas mas também serve para fiscalizar e corrigir os seus comportamentos e a sua interacção. Como tal, soluções que ontem não existiam e pareciam extremamente complicadas hoje são relativamente simples e até mesmo banais. Lembro-me que quando disse ao meu pai que os muitos discos que ele tem em vinil não eram suficientes para encher a memória do meu iPOD ele ficou desconfiado e achou que a minha noite anterior tinha corrido bem. Afinal de contas eles necessitam de muito espaço físico e o iPOD cabe no meu bolso. Sendo assim, e por analogia, não sei até que ponto existe ou não um sistema suficientemente inteligente que permita os utentes das auto-estradas da Brisa não serem injustamente prejudicados quando optam por pagar a portagem de modo a usufruírem de uma viagem mais segura e rápida e depoi

Os mesmos de sempre nas Jornadas Mundiais da Juventude

O que se está a passar em Espanha, mais concretamente em Madrid, a propósito das Jornadas Mundiais da Juventude, é uma prova da mais completa intolerância religiosa com origem em movimentos radicais de extrema-esquerda. A pretexto do evento sair caro para os cofres do estado espanhol, grupelhos de agitadores anarcas que reclamam o direito à diferença mas não a reconhecem para os outros, provocam os participantes nas jornadas e promovem actos de desobediência e violência. Nestas coisas não há dúvidas: é começar numa ponta e acabar na outra e se tiverem dúvidas chamem a polícia de Londres que eles explicam como se faz. Os Estados normalmente são laicos, mas isso não impede que a sua população, esmagadoramente maioritária, não tenha convicções religiosas e que os responsáveis políticos não possam receber e organizar no seu país eventos que atraem milhares de visitantes e vão ao encontro da vontade dos seus cidadãos. As Jornadas Mundiais da Juventude, cujo momento áureo é o encontro com

Caravanismo selvagem no Algarve

O turismo do Algarve é uma importante fonte de rendimento para o país mas mesmo assim fica muito dinheiro à deriva na chamada economia paralela ou por cobrar na mais absoluta clandestinidade. Se na economia paralela não havendo receita fiscal há rendimento para quem dela tira proveito, na clandestinidade o cenário já é outro. Há dias vi uma medida de um presidente de Câmara no Algarve que só em apeteceu aplaudir de pé e pedir bis. Em Monte Gordo, num dos parques de estacionamento que é gratuito, os caravanistas aproveitam para colocar os seus veículos ao preço gracioso de zero euros, impedido durante a sua estada que o comum dos cidadãos possa estacionar o seu carro, quando, por igual direito, que ir à praia. Não tenho a certeza mas fiquei com a ideia que o espaço utilizado indevidamente pelas caravanas dava para estacionar 150 viaturas. Este caso é ainda mais gravoso, na medida em que no outro lado da estrada existe um parque de campismo onde é possível, segundo percebi, entrar com

A emergência social

O governo apresentou um conjunto de medidas às quais chamou Plano de Emergência Social, que não é mais do que reforçar o esforço no sentido de acudir aos que mais precisam numa altura em que a crise afecta a vida das famílias portuguesas, roubando-lhes o emprego e retirando-lhes, em muitos casos, o pão da mesa ou o medicamento necessário. São 400 milhões de euros num ano que podem não resolver todos os problemas de fundo, mas que com certeza minoram as dificuldades do dia-a-dia de quem está numa situação de grande aperto financeiro e social. Estava eu convencido que este plano colheria uma aceitação não digo unânime mas tolerante por parte dos partidos da oposição. Mas enganei-me. Aliás, os partidos de esquerda em Portugal, onde não está incluído o PS uma vez que há muito tempo já se mostrou não ser de esquerda, insurgiram-se, conforme é seu hábito, disparando em todos os sentidos. Para eles haver um governo que não tem um discurso lamechas e mais do que batido dos valores da esquerda

Insultos oceânicos

Alberto João Jardim nunca perdeu uma eleição na Madeira e segundo consta nunca houve indícios de irregularidades graves que pudessem condicionar os resultados, o que leva a crer que todas as vitórias foram por mérito próprio porque ao contrário do que alguns julgam, o povo está muito longe de ser parvo. Quem conheceu a Madeira há uns anos atrás, sabe que a ilha foi completamente transformada e hoje tem um conjunto de infra-estruturas públicas que trouxeram qualidade de vida às populações. Com dinheiro do continente ou da Europa a verdade é que há obra feita e afinal de contas a Madeira e os Açores também são Portugal. Tivesse o Algarve um Alberto João Jardim e se calhar não haveria portagens na Via do Infante, entre muitas outras coisas. No entanto aquele discurso tribal já me parece uma coisa completamente em desuso e impróprio para um líder de um partido democrático que tem escrito na sua matriz ideológica a tolerância pelo seu semelhante. A mim não me diverte um único palavrão ou ge

O óbvio resultado das eleições do PS

Conforme era do conhecimento da esmagadora maioria dos portugueses, António José Seguro veio a confirmar a sua vitória, o que a mim me deixa muito tranquilo e satisfeito. Conforme escrevi aqui, com um PS atado de mãos e pés ao memorando de entendimento com o troika, com o país a necessitar de estabilidade política como pão para a boca e se o actual governo não perder o sentido da responsabilidade e o rumo que necessita prosseguir, os socialistas já têm um bom líder para ficar pelo menos oito anos na oposição. Pese embora a não novidade do vencedor mais do que óbvio, o resultado eleitoral foi muito díspar. Não estava à espera que Francisco Assis fosse derrotado por tanta diferença. A justificação que tem sido dada para a sua má prestação, dá vontade de rir mas talvez tenha alguma razão de ser. Aparentemente Assis era a candidatura que representada o legado de Sócrates e a de Seguro o seu contrário. Se nos lembrarmos que Sócrates foi a eleições internas e a congresso ainda este ano tendo

O mais do que óbvio resultado das eleições do PS

Conforme era do conhecimento da esmagadora maioria dos portugueses, António José Seguro veio a confirmar a sua vitória, o que a mim me deixa muito tranquilo e satisfeito. Conforme escrevi aqui, com um PS atado de mãos e pés ao memorando de entendimento com o troika, com o país a necessitar de estabilidade política como pão para a boca e se o actual governo não perder o sentido da responsabilidade e o rumo que necessita prosseguir, os socialistas já têm um bom líder para ficar pelo menos oito anos na oposição. Pese embora a não novidade do vencedor mais do que óbvio, o resultado eleitoral foi muito díspar. Não estava à espera que Francisco Assis fosse derrotado por tanta diferença. A justificação que tem sido dada para a sua má prestação, dá vontade de rir mas talvez tenha alguma razão de ser. Aparentemente Assis era a candidatura que representada o legado de Sócrates e a de Seguro o seu contrário. Se nos lembrarmos que Sócrates foi a eleições internas e a congresso ainda este ano tendo

Não me conformo (2ª parte)

As recentes declarações do Presidente da Câmara Municipal de Faro e da Comunidade Intermunicipal do Algarve sobre as portagens na Via do Infante serviram a alguns para o transformar no odioso da questão o que é uma manifesta injustiça e safadeza. Mas o assunto está longe de terminar e o próximo episódio é ver dirigentes do PS, aliás já começaram a mostrar o ar da sua graça, a dizerem que afinal são contra as portagens e que as mesmas não deviam ser colocadas, quando ainda há poucos meses encolhiam os ombros. Já ouvi mesmo o Deputado Miguel Freitas dizer que portagens na Via do Infante só depois da requalificação da 125. Ora isto é um embuste, porque as portagens estavam previstas para ter o seu início em Abril passado e só assim não aconteceu porque o governo do PS, por mera conveniência eleitoral, mandou suspender a sua entrada em vigor. Aliás, causa-me vontade de rir ver que a empreitada que devia estar pronta em Abril passado ainda está em curso. Não conheço os prazos mas espero que

Estranha forma de vida

Com cerca de 24 horas de diferença, o mundo foi surpreendido com dois acontecimentos trágicos, cada um com a sua escala e projecção. Num dia um doido fundamentalista norueguês decidiu semear o pânico no centro de Olso, fazendo explodir um carro bomba bem no coração da cidade, junto de edifícios do governo numa praça muito movimentada. Horas depois e não contente deslocou-se uns quilómetros a caminho de uma colónia de férias onde disfarçado de polícia e a pretexto de critérios de segurança na sequência do que se tinha passado, por sua iniciativa, em Olso, tirou a vida a dezenas de jovens seus conterrâneos que participavam num encontro de uma estrutura partidária, neste caso a Trabalhista (uma espécie de Juventude Socialista norueguesa). No dia a seguir, o mundo tomou igualmente conhecimento da morte prematura mas mais do que previsível da cantora Amy Winehouse (nome curioso tendo em conta os seus hábitos de vida). São dois episódios que se lamentam porque ambos trouxeram consigo a morte