Com papas e bolos se enganam os tolos

Nesta altura de forte crise financeira mundial, em que poucos conseguem ver a luz ao fundo do túnel, há muita gente a ganhar dinheiro. Se não repare-se:
No dia em que a cimeira da União Europeia decidiu o perdão de metade da dívida grega, os mercados reagiram de imediato com as acções de alguns bancos a subirem para cotações interessantes tendo em conta os dias que correm. Ou seja, o acordo animou os mercados. Repare-se que não houve nenhum facto financeiro em concreto, houve apenas uma decisão política que como é óbvio tem consequências.
Porque o perdão da divida helénica tinha consequências para aquele país, o primeiro-ministro lançou-se numa jogada política de propor um referendo ao povo, para não ficar sozinho com o ónus da decisão. Do ponto de vista democrático a medida é louvável, mas para os signatários do perdão essa iniciativa levantou uma nuvem de incerteza. O que fizeram os mercados? Caíram a pique, tendo-se vivido no passado dia 1 de Novembro um autêntico vendaval de dinheiro a sair a rodos dos mercados financeiros. Quem foram os autores do vendaval? Os mesmos de sempre: os especuladores.
Note-se que não havia qualquer certeza do referendo vir a ser agendado, o que hoje se confirmou. Os nervos invadiram as principais praças financeiras mundiais, apenas e só porque surgiu um sentimento dissonantes em relação ao que os mercados entendem ser um grau de estabilidade. Assim sendo, os bancos que mais expostos estão à dívida grega viram as suas acções baixar para mínimos históricos e os accionistas sentiram a amargura de ver o dinheiro a fugir-lhe entre os dedos, ainda que de modo figurado.
O dinheiro fugiu? Não. Apenas mudou de mãos. Alguém perdeu para que outros tenham ganho, senão agora uns dias mais tarde.
Ou seja, a situação é tão pateticamente dramática que qualquer vírgula ou comentário de um líder político, é o suficiente para gerar um tsunami nos mercados financeiros. Qual a razoabilidade de tudo isto? Aparentemente nenhum. A vida deste novo tempo faz-se de mais ou menos adrenalina, mais ou menos incerteza e com certeza de muita jogada ao mais alto nível para ganhar dinheiro.
Longe não virão os tempos, em que um problema de flatulência da senhora Merkel, seja o suficiente para mandar abaixo a estabilidade dos mercados.
Quanto maior é a parvoíce, não encontro outro nome para a forma como os mercados reagem a coisas que não valem nada e nem sequer se chegam a confirmar, mais dinheiro sobrará nas contas bancárias milionárias dos especuladores. Por isso o mundo está como está.

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