Caravanismo selvagem no Algarve

O turismo do Algarve é uma importante fonte de rendimento para o país mas mesmo assim fica muito dinheiro à deriva na chamada economia paralela ou por cobrar na mais absoluta clandestinidade.
Se na economia paralela não havendo receita fiscal há rendimento para quem dela tira proveito, na clandestinidade o cenário já é outro.
Há dias vi uma medida de um presidente de Câmara no Algarve que só em apeteceu aplaudir de pé e pedir bis. Em Monte Gordo, num dos parques de estacionamento que é gratuito, os caravanistas aproveitam para colocar os seus veículos ao preço gracioso de zero euros, impedido durante a sua estada que o comum dos cidadãos possa estacionar o seu carro, quando, por igual direito, que ir à praia. Não tenho a certeza mas fiquei com a ideia que o espaço utilizado indevidamente pelas caravanas dava para estacionar 150 viaturas. Este caso é ainda mais gravoso, na medida em que no outro lado da estrada existe um parque de campismo onde é possível, segundo percebi, entrar com uma caravana, sendo certo que se paga. Vai daí a autarquia de Vila Real de Santo António colocou sinalização impedindo o estacionamento prolongado deste tipo de veículos, a qual não cheguei a perceber se estava de acordo com o Código da Estrada. Mesmo não estando, a intenção era óbvia: não permitir a utilização abusiva do espaço público, prejudicando os demais.
Em Quarteira também já vi uma situação semelhante. Muito perto do mercado do peixe, a poucos metros da praia, num local de muito movimento automóvel, lá estão plantadas dezenas de caravanas portuguesas e estrangeiras, utilizando abusivamente o espaço público, impedindo que outros tenham a oportunidade de estacionar naquele local por um período de curta duração. Este estacionamento para além de abusivo é ilegal na medida em que muitas dos proprietários nem sequer respeitam os passeios destinados aos peões, já para não falar no facto de espalharem mesas, cadeiras, chapéus de sol, garrafões de água, bidões, estendais de roupa e até mesmo sacos de lixo nas imediações da caravana. Depois utilizam as sarjetas das águas pluviais ou mesmo a ribeira que passa ali perto para deitar fora os líquidos que são considerados não necessários. Não vi despejarem o penico, mas sei que os reservatórios das águas sanitárias residuais vão directamente para a rede de pluviais em vez da de esgotos. Bem sei que existem reagentes que são colocados dentro dos depósitos para a decomposição. Mas se alguém se sente feliz e tranquilo em ver um qualquer porcalhão a jogar um cocktail de matéria fecal para a via pública ou para a rede de águas pluviais, eu não me sinto.
É que o problema já não é só nas áreas não urbanas. É dentro das localidades, nas ruas, à porta de casa daqueles que pagam IMI ou dos hotéis onde os hóspedes pagam estadia e IVA.
Dir-me-ão que são também turistas que gastam dinheiro no Algarve. Naturalmente que sim. Admito que sejam clientes frequentes nomeadamente no comércio local. Mas podem continuar a sê-lo se estiverem parqueados no sítio certo que são os parques de campismo, pagando a respectiva estadia. Ou seja, ninguém tem de ir embora e são todos bem vindos. Mas haja regras.
Um dia tive à porta de casa uma destas caravanas durante um par de dias. A determinada altura dirigi-me educadamente à pessoa que era francesa e perguntei-lhe o que me acontecia se eu estacionasse uma caravana à porta da sua casa em França. Ele respondeu-me sem qualquer margem para dúvidas que não podia e seria autuado e rebocado. Lá não se pode, mas aqui sim. Porque lá não se brinca com autoridade e a segurança pública. A mesma é exercida e ninguém fica preocupado se tratam bem ou mal os turistas. Não quero generalizar porque nem tudo será exactamente assim. Mas é um problema para o qual é necessária maior atenção.

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