Tavira – Autárquicas com sentido de responsabilidade
Os mandatos autárquicos em curso
começaram em Outubro de 2009 e vão terminar no mesmo mês deste ano. Entre o
início dos referidos mandatos e Junho de 2011, o governo de Portugal era
liderado por José Sócrates e o PS. Após as eleições legislativas o governo
mudou. Ou seja, tomando a data actual o mandato autárquico em curso foi divido,
no que ao governo diz respeito por 18 meses com o PSD e 21 com o PS. Mais coisa
menos coisa, o PS esteve mais um trimestre no governo do que o PSD.
Nos 21 meses em que o país era
governado por José Sócrates, não me recordo de o Presidente da Câmara de Tavira
ter feito qualquer referência de crítica para com o governo da nação. Estava
tudo bem. Não havia restrições orçamentais, cortes nas autarquias, lei dos
compromissos, entre outras maldades que entretanto surgiram. O país caminhava
para o abismo e toda a gente sabia disso a começar pelos camaradas de partido.
Mas a bem da nação socialista e dos seus interesses difusos, estava tudo
tranquilo e satisfeito.
O PSD chegou ao governo e tudo
mudou, até porque a troika também já cá estava. As transferências do Estado
para as autarquias diminuíram, foi aprovada uma lei que restringe a despesa na
medida em que obriga a um compromisso de disponibilidade financeira face ao que
se pretende gastar e está em curso um novo mapa administrativo para as
freguesias, processo esse que o Município de Tavira preferiu não se pronunciar,
para poder aproveitar eleitoralmente o assunto, incentivando o aparecimento de
sentimentos populares diversos de contestação ao governo.
Tudo isto é factual, mas factual
também é a circunstância que durante os primeiros dois anos de mandato e isso
ainda se reflecte um pouco actualmente, o executivo autárquico do PS viveu, no
que a obras para o município diz respeito, daquilo que lhe foi deixado pelo
PSD, em situação totalmente irreversível.
Dizem porém que o PSD apenas
deixou dívidas para pagar. Deve ter sido por isso que contrataram várias vezes
espectáculos de música gratuitos, provas de automobilismo que nada dizem à
população e encenações pirotécnicas com os euros transformados em pólvora
brilhante nos céus de Tavira. Presumo que a adulteração da Praça da República
tenha sido oferecida pelo empreiteiro, uma vez que nada sobrou para a pagar.
Ou seja, se actualmente não
acontece nada de relevante em Tavira, não é por relação directa e exclusiva do
governo do PSD. Alguma responsabilidade o executivo municipal também terá,
associada, naturalmente, a uma conjuntura económica difícil que se prende
directamente com a quebra das receitas provenientes do sector urbanístico e a
forte crise financeira que a todos inflige restrições e contenção, a qual não
pode ser dissociada, por mais que tente fazer crer o contrário, dos seis anos
de governação do PS e do senhor que esteve em Tavira no Mercado da Ribeira a
ajudar a eleger o actual executivo municipal.
Sim, a política de expansão
urbanística que o PS tanto criticava quando estava na oposição, feita com base
nos instrumentos de planeamento dos quais foram responsáveis (PDM), faz-lhe
agora muita falta para encaixar dinheiro nos cofres da autarquia de modo a
haver recursos para arranjar estradas degradadas, equipamentos por construir ou
manter, bem como para um conjunto de muitas outras medidas assistenciais à
população.
Mas há uma coisa que o dinheiro
não compra ou não paga e que ao governo do PSD não lhe pode ser remetida a
responsabilidade. Falo da diligência rápida às solicitações dos munícipes, ao
respeito que é preciso ter em pelo menos dar uma resposta a quem a procura, à
pontualidade nos compromissos, à capacidade de liderar equipas e motivar
funcionários não os deixando pendurados às vezes meses a fio por respostas,
decisões ou despachos a assuntos que são necessários resolver rapidamente.
Ainda não consegui encontrar
alguém excessivamente entusiasmado com o actual executivo municipal, excepto
alguns militantes mais convictos do PS, bem como alguns funcionários
municipais, muito poucos por sinal, que no passado lhes era exigido zelo e
competência e agora desfrutam a seu belo prazer de algum benefício por não
haver quem os fiscalize, responsabilize, oriente ou repreenda, deixando espaço
para a mais completa bandalheira.
Até alguns presidentes de junta
de freguesia que não foram eleitos pelo PSD, registam queixa e saudade da forma
como são agora tratados e como eram no passado.
Quando vou a Faro falo com
pessoas que me dizem com grande espanto que enviaram um e-mail ao presidente da
Câmara local e que este lhes respondeu de imediato ou passados poucos minutos,
no limite horas. Para algumas a resposta foi um Não. Mas pelo menos tiveram uma
resposta…
Por tudo isto, gostava de ver
maior sentido de responsabilidade no discurso público do executivo municipal em
2013. Tenho do Presidente da Câmara de Tavira a imagem de um homem sensato e
inteligente. A possibilidade de o ver entrincheirado num discurso politiqueiro,
soprando areia para os olhos daqueles que andam mais atentos e utilizando todos
os “palcos”, mesmo os mais institucionais, para responsabilizar os outros não
reconhecendo as suas próprias deficiências, não me parece um comportamento que
se recomende.
Os políticos do século XXI não
podem baixar a fasquia da credibilidade sob pena de colocarem ainda mais em
perigo a própria democracia.
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