Ò Barbosa, vai dar banho ao cão

Este sábado em Lisboa está a decorrer um evento que, goste-se ou não, é interessante e até pedagógico. Um mega pic-nic tem a importância que tem. Ouvir o Tony Carreira, para quem gosta, também está muito bem. Mas transformar a Avenida da Liberdade numa enorme quinta com produtos agro-pecuários nacionais, nos dias que correm em que mal sabemos o que comemos, é matéria que merece registo e apreço.
A iniciativa não é inédita e já tem sido feita noutros pontos da Europa. Recordo-me bem de ver fotografias dos Campos Elísios transformados em plantações de alfaces, tomates, couves e pepinos dos bons.
Como é óbvio para montar um evento desta envergadura é preciso causar constrangimentos no trânsito e no dia a dia das pessoas que vivem ou trabalham na Avenida da Liberdade. Nem podia ser de outra forma. E é aqui que eu gostava de me centrar.
Acho que foi ontem que vi o presidente da Câmara de Lisboa a ter de responder com uma calma olímpica bestial, ao comentário idiota do presidente do Automóvel Clube de Portugal, um tal de Barbosa, que estava indignado devido às dificuldades que estavam colocados naquela zona da cidade ao tráfego dos carros. É preciso ter lata, a mesma com que são fabricadas as viaturas que todos os dias invadem os centros das cidades e ocupam espaços que são devidos aos cidadãos.
O tal Barbosa deve gostar de tomates nacionais bem como de pepinos, mas prefere que os mesmos sejam promovidos noutra zona da cidade ou quiçá do país. Talvez fosse bom fazê-lo na planície alentejana, onde não passam viaturas a não ser os todo-o-terreno dos amigos do Barbosa quando andam a espatifar caminhos agrícolas, muitas vezes apoiados nessa missão com dinheiros públicos. Os mesmos dinheiros públicos que são dados em subsídios a organizadores de corridas de automóveis que ninguém vai ver.
Trazer o campo à cidade, organizar um dia diferente a quem vive permanentemente a respirar gases poluentes da combustão do gasóleo e da gasolina, é mau. O que é bom é andar com o rabo tremido numa viatura automóvel, a fazer poluição e barulho no centro da cidade. Porquê? Porque as pessoas precisam dos carros no seu dia-a-dia, e isso ninguém contesta, não podendo ser estorvadas ou impedidas de circular duas ou três vezes durante o ano. Se fosse para garantir uma prova de desporto automóvel na Avenida da Liberdade, conforme já aconteceu, estava tudo bem. Mas couves e galinhas…
Felizmente o presidente da Câmara de Lisboa é exponencialmente mais visionário e sensato que o Barbosa e decidiu que hoje a Avenida da Liberdade seria só para as pessoas, as verduras e a pecuária nacional. Bem haja por isso.

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