O fim da campanha e do pesadelo

Chegou ao fim uma das campanhas eleitorais mais importantes da vida democrática do nosso país. A situação de emergência é de tal ordem que ficar indiferente ao que se passou nas últimas semanas e meses é difícil.
Pese embora as sondagens não serem instrumentos de certezas absolutas, a verdade é que quase todas elas foram mostrando resultados muito semelhantes ao longo do tempo, dando como certa uma disputa muito renhida. Só nos últimos dias foi possível perceber que o PSD será o vencedor das eleições, ficando apenas por esclarecer se chega ao cenário de maioria parlamentar com o CDS.
No “the day after” das eleições, ficará clara a geometria do novo governo, nomeadamente no que respeita ao número de ministros que o CDS vai querer impor ao PSD. Vem nos livros de Ciência Política, e de resto nem é novidade, que nestes ambientes de coligação o partido menos votado, o parceiro menor, é quem manda. O maior obedece, sob pena de não conseguir construir uma solução governativa segura. Tal como aconteceu com Durão Barroso, Passos Coelho vai ter de negociar com Portas e provavelmente ceder aos seus pedidos e chantagens. É verdade que no passado ficou a imagem de um CDS que honrou os seus compromissos com o partido de coligação, ainda que não me pareça que a sua passagem pelo governo seja um grande motivo de orgulho. Ficou a tal cortina de fumo e de dúvida que não favorece ninguém. O abate dos sobreiros na margem sul em Santo Estêvão, bem como o nunca bem explicado negócio dos submarinos, serve de lastro a este CDS que se diz detentor da moralidade política mas que a mim nunca me enganou. Não fico tranquilo com Portas num governo. Mas fico em pânico com Sócrates novamente como primeiro-ministro.
No entanto, a situação do país é de facto grave e o país necessita de uma solução de estabilidade como de pão para a boca.
Por outro lado é preciso castigar Sócrates e este desgoverno que tivemos de aturar, nomeadamente nos últimos dois anos. Em condições normais, se o PS tivesse o estofo de outros tempos e não fosse hoje uma central de gestão de interesses tentaculares variados, alguns deles por descobrir, Sócrates jamais seria o candidato a primeiro-ministro. Só o é porque no subconsciente da cúpula dirigente ainda habita a ideia que é possível manter o poder pelo poder. Imagino que domingo seja o primeiro dia de um período de facas longas onde o secretário-geral do PS será imolado. Depois de Sócrates não há mais Sócrates. Alguém tratará de o mandar para bem longe, provavelmente para um eldorado qualquer convenientemente apadrinhado pela Internacional Socialista. Duvido que fique sentado nas últimas filas do hemiciclo.
O ainda primeiro-ministro disse antes da campanha eleitoral que entre ele e o FMI havia dez milhões de portugueses. Acho que não são tantos. Mas há seguramente os suficientes para o mandar embora. O pesadelo deverá terminar no domingo.
Veremos.

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