RTP: privatize-se rapidamente de preferência amanhã.

Por mera brincadeira pode-se dizer que a melhor maneira de acabar com a despesa do Estado é acabar com o próprio Estado. Há anedotas mais engraçadas. Esta tem pouca piada. Porque a verdade é que o Estado tem de existir a partir do momento em que existem pessoas e necessidades a suprir. O que é necessário fazer é tornar o Estado mais racional e eficiente, concentrando as energias no fundamental em detrimento do acessório, ou seja, menos Estado mas melhor Estado.
Assim, matérias como a Educação, a Segurança, a Defesa, a Justiça, a Saúde, o Ordenamento do Território, o Ambiente, entre algumas outras mas não muitas, têm de ficar debaixo da alçada do Estado como forma de garantir o normal funcionamento das instituições e a organização da vida das pessoas em sociedade.
A questão que coloco é se faz sentido o Estado ser dono de um canal de televisão o qual é um sorvedouro de recursos financeiros, nomeadamente impostos dos contribuintes. Na minha opinião, nos dias que correm, não faz.
A RTP que temos, nomeadamente o seu canal principal, oferece a mesma programação dos outros dois canais privados, ou seja: notícias, filmes, futebol, outros desportos mas muito menos que o anterior, novelas, concursos, celebrações católicas e não de outro credo ou confissão, entretenimento, programação infantil e juvenil e por aí fora.
O seu segundo canal, conhecido por RTP2, a programação tem uma natureza um pouco diferente, abrangendo sobretudo os chamados públicos minoritários, através de uma oferta mais específica que não é tão susceptível de prender a atenção de muitos telespectadores. Porém custa dinheiro e não é pouco.
Depois temos os outros canais, os regionais da Madeira e dos Açores, o Internacional, a RTPN de notícias, o Memória e o Mobile. Julgo que são estes os canais em que o Estado suporta o seu funcionamento.
Tudo isto custa milhões de euros por ano ao Estado e pesa bastante na nossa contribuição através dos impostos. Basicamente o que a RTP faz os outros canais também fazem, sendo certo que não estão, pelo menos moralmente, condicionados ao que é vulgarmente denominado como serviço público de televisão, cuja definição é de tal forma abrangente que pode caber tudo inclusive algum pormenor que alguém se lembre de encontrar para justificar a sua existência.
Pessoalmente faz-me confusão que o serviço público de televisão seja o Preço Certo do anafado Mendes, o Último a Sair da Floribella aos gritos qual peixeira do Bulhão ou o João Baião aos saltos entre outras pérolas da pimbalhada e da brejeirice nacional.
A verdade é que a televisão pública é uma arma política que nenhum governo quer prescindir e duvido que Passos Coelho dê um exemplo em sentido contrário. A RTP1 e o seu serviço informativo, servem os interesses dos sucessivos governos, umas vezes de modo mais descarado do que outras. Os jornalistas, talvez vítimas do sistema, colaboram ou não. São fios condutores das instruções que chegam de cima, que não deixam margem de manobra para uma informação isenta e rigorosa. Não quero generalizar nem ser injusto, mas independência informativa não tem sido nos últimos tempos o padrão de qualidade da RTP. Porquê? Porque está instituído há muito tempo em Portugal que o cão não morde a mão do dono. Se o dono alimenta o cão, ele só tem de obedecer, não ladrar e muito menos morder.
Sendo assim a RTP faz falta ao poder político, mas quem paga a factura somos nós.
Neste contexto, e não havendo vontade de ter um serviço público de televisão no verdadeiro acesso do termo, mais vale privatizar. É abrir uma guerra sem quartel com a TVI e a SIC motivada pelas receitas da publicidade? Que seja. Quem quer almoçar que pague a conta. Não cabe aos contribuintes fazê-lo, uma vez que ficam quase sempre à porta do restaurante a ver o deleite dos habituais comensais, que são os mesmos de sempre.

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