Os manifestantes anti-Sócrates

Ontem em Faro, Sócrates teve de gramar com uma manifestação que o tratou com uma série de mimos a propósito das portagens da Via do Infante e de outros assuntos relacionados com a governação. Nessa manifestação estavam pessoas ligadas, pelo menos, ao Bloco de Esquerda, porque eu vi.
Não vale a pena dizer que a acção foi espontânea porque isso só serve para entreter pacóvios. Estas coisas fazem-se de forma premeditada e com um determinado objectivo. Foi preparada com antecedência e as pessoas que estavam a manifestar-se não tinham ido comer um gelado à baixa de Faro e ao verem Sócrates resolveram parar para lhe chamar gatuno. Estavam lá porque tinham motivos para se deslocarem ao comício do PS.
Pessoalmente não acho bem este tipo de acção, porque deve haver espaço para o partido que organiza um comício o possa fazer de modo tranquilo e sem incidentes. A democracia implica respeito e o que os manifestantes fizeram foi não respeitar a iniciativa dos socialistas. Porém, o PS merece isto e muito mais.
O PS quando está na oposição usa e abusa destes expedientes, incentiva-os e aproveita-se deles para retirar dividendos políticos. Na questão muito particular das portagens da Via do Infante tudo isto se torna ainda mais evidente e merecido.
Nem preciso ir muito longe. Quando Santana Lopes era primeiro-ministro – de muito má memória – houve uma primeira manifestação de contestação às portagens na Via do Infante que o então ministro Mexia queria instalar. Nesse dia, a Avenida 125 ficou completamente bloqueada e havia filas de trânsito de dezenas de quilómetros. Na manifestação, para além dos cidadãos normais e sem filiação partidária e outras pessoas que sendo do PSD tiveram liberdade de espírito para se manifestar, nas quais incluo o actual cabeça de lista Mendes Bota, estavam militantes e dirigentes do PS a cavalgar a onda da contestação.
Juravam a pés juntos que portagens nem pensar. O próprio Sócrates chegou muitas vezes a referir, aquando da sua primeira eleição, que não colocaria portagens na Via do Infante. Eis se não quando deu o dito por não dito, coisa muito frequente nele, e mandou colocar. Sendo assim não é de estranhar a reacção das pessoas.
Dirão os dirigentes do PS que esta manifestação é ilegal, por ter sido feita junto a um comício partidário devidamente autorizado, e que foram proferidos insultos ao seu querido líder. Mas queriam o quê? Que os manifestantes tivessem ido àquela hora gritar palavras de ordem contra as portagens para o Cerro de São Miguel? Ou que em vez de chamarem gatuno tivessem chamado senhor gatuno? O PS tem assim a memória tão curta que já se tenha esquecido de outras manifestações contra governos do PSD em que ficaram de fora a assistir, a rir e daí retiraram dividendos políticos? Por amor da santa. Ao menos sejam intelectualmente honestos e reconheçam que é totalmente legítima a indignação dos algarvios em relação a esta questão das portagens e que o PS foi o partido que prometeu que as mesmas não seriam colocadas, ainda mais com a Avenida 125 como está actualmente em que alguns dos seus troços estão mais adequados para a prática do BTT do que para a circulação de carros.
O PS tem aquilo que merece. Cá se fazem, cá se pagam.
A cereja em cima do bolo foi ver o inenarrável Santos Silva, também conhecido como o único titular da pasta da Defesa que em 37 anos de democracia faltou ao respeito ao Presidente da República, a tentar culpar o PSD do sucedido em Faro. Este senhor, que de Santo apenas tem o nome, só faltou dizer que os putos que agrediram a miúda em Lisboa no outro dia eram todos mandados pelo Pedro Passos Coelho.
- Vai já mas é andando!!!

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