A trapalhice

Desde que me lembro que há movimentações de pessoas de um lado para o outro para assistirem a comícios. Recordo-me dos comícios de rentrée do PSD, conhecidos por Pontal, feitos nas docas de Faro onde chegavam pessoas que vinham de outras paragens. Com o PS passava-se exactamente a mesma coisa.
Na célebre disputa Ponta/Pontinha das eleições legislativas de 1995 – que ditaram a vitória de Guterres e a derrota de Nogueira – as pessoas que assistiam aos comícios não era apenas locais. Algumas vinham de fora para fazer número. Mas quem era estas pessoas? Eram sobretudo militantes e simpatizantes do PSD e do PS que se mobilizavam e organizavam excursões, não sei se pagas por eles ou pelos partidos mas isso também não é importante, para poderem assistir aos comícios dos seus partidos. Traziam inclusive faixas onde se lia o nome das concelhias a que pertenciam. Afinal de contas era o momento político de recomeço da temporada e isso implicava que as pessoas que gostavam do seu partido queriam estar presentes.
Faço este preâmbulo para dizer que o PS perdeu completamente a vergonha na cara e o sentido da decência ao andar a transportar pessoas que não votam nem sabem falar português, para comícios seus a troco de uma sandes e de um sumo. Isto é mais ou menos a mesma coisa que mentir com requintes de maldade, chamando idiotas às pessoas que pensam ser genuínas as presenças no comício. É verdade que já vamos estando habituados a tanta trapalhice, mas não deixa de causar indignação.
Os comícios há muito que são apenas espectáculos mediáticos, organizados por gente profissional, que tudo fazem para mostrar ao país que há mobilização e dinâmica de vitória. No caso concreto do PS o tiro saiu pela culatra.
Não só o PS se aproveita da miséria alheia que troca comida pelo sacrifício de ter de bater palmas a Sócrates e fazer quilómetros atrás dele, como tenta passar para a opinião pública uma coisa que não é real. Retirem de lá os chineses, os indianos, os africanos e os de leste e vão ver como fica a assistência. Provavelmente seria visível um comício despido de gente, com os mesmos de sempre que não faltam a nada. O que é certo é que nos tempos que correm a imagem é que conta, mesmo que ela esteja completamente deturpada.

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